quarta-feira, 23 de março de 2016

A ARS NOVA

Ars nova — a «nova arte» ou «nova técnica» — foi o título de
um tratado escrito em 1322 ou 1323 pelo compositor e poeta Philippe de Vitry, bispo  de  Meaux (1291-1361). A designação era tão feliz que veio a ser usada para designar  o estilo musical que imperou em França na primeira metade do século XIV.

A designação foi tão feliz que veio a ser usada para designar o estilo musical que imperou na França na primeira metade do século XIV.



PANORAMA SOCIAL

  • Comparativamente falando, o século XIII foi uma era de estabilidade e unidade, enquanto o século XIV foi de mudança e diversidade. 
  • O grande símbolo deste contraste foi a situação do papado: no século XIII a autoridade da igreja, tendo por centro o papa de Roma, era universalmente respeitada e reconhecida como suprema, não só em problemas de fé e moral, mas também, em grande medida, em questões intelectuais e políticas; no século XIV esta autoridade, principalmente a supremacia do papa passou ser largamente contestada.
  • As críticas a este estado de coisas, bem como à vida muitas vezes escandalosa do alto clero, tornaram-se cada vez maiores, exprimindo-se não apenas por escrito, mas também  em vários movimentos divisionistas e heréticos que foram os percussores da reforma protestantes.
  • A quebra do progresso econômico causada pelas terríveis devastações a peste negra (1348-50) e da guerra dos cem anos (1338-1453) deram uma vaga de descontentamento urbano  e de insurreições .
  •  O crescimento das cidades nos dois séculos anteriores reforçara o poder da burguesia, acarretando um correspondente declínio da aristocracia feudal.

A FILOSOFIA


O século XIII conciliava a revelação e a razão, o divino e o humano, as exigências do reino de Deus e as dos estados políticos deste mundo. A filosofia do século XIV, em contrapartida, tendia a conceber a razão humana e a revelação divina como domínios separados, limitando-se a  autoridade de cada um a esfera que lhe competia:
A igreja cuidava das almas dos homens e o estado de suas preocupações terrenas, mas nenhuma destas autoridades estava sujeita à outra.
Assim, estavam lançadas as bases para a separação da religião e da ciência, da igreja e do estado, doutrinas que passaram a impor-se a partir do final da idade média.
 A INDEPENDÊNCIA E IMPORTÂNCIA DOS INTERESSES SECULARES

A crescente independência e importância dos interesses seculares traduzia-se no progressivo florescimento da literatura  em língua vernácula :

A divina comédia (1307), de Dante.

ODecamerão (1353), de Bocácio.

Os contos da Cantuária.

São alguns dos marcos literários no séc. XIV


CARACTERÍSTICAS:

  1. Suas principais distinções formais e estéticas em relação à fase anterior apareceram nos campos do ritmo, da harmonia e da temática, sendo privilegiados os gêneros de música profana; também foram criadas ou se popularizaram várias estruturas novas de composição, como o moteto e o madrigal.

  2. Produção de mais música profana do que sacra;
     
  3. O uso de dois padrões no tenor dos motetos:
     
  4. Padrões de intervalos melódicos (color);
    Padrões ritmicos (tálea); A combinação destes padrões poderia acontecer de diversas formas.
     
  5. Os motetos que apresentavam o tenor com estas características recebiam o nome de moteto isorrítmico.
O ISORRITMO




O princípio da isorritmia já existia na ars antiqua (modos rítmicos), no entanto aqui este foi usado de forma mais sistemática e complexa.

Outra importância da isorritmia na música do séc. XIV: unidade na estrutura composicional. 

PRINCIPAIS COMPOSITORES


Philippe de Vitry

Philippe de Vitry (31 de outubro de 1291 — Meaux, 9 de junho de 1361), Bispo, compositor, matemático, diplomata, militar, musicólogo, filósofo e poeta francês. Foi um pioneiro da Ars nova e uma das figuras de proa da música europeia da Idade Média. 

Foi louvado por toda a sua geração como um dos maiores músicos e teóricos da época.


Guillaume de Machaut (c.1300-1377)

Compositor francês mais importante da Ars Nova;

Uma das caracteristicas: uso mais frequente dos intervalos de 3ª e 6ª.

Obra:
23 motetos sacros
Forma: geralmente um tenor litúrgico  (instrumental) e textos diferentes para as vozes mais agudas;
Ritmo mais complexo;
Estrutura isorrítmica (em alguns casos não apenas no tenor).
Uso do hoqueto.

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