quarta-feira, 23 de março de 2016

MÚSICA DO RENASCIMENTO

Música renascentista refere-se à música europeia escrita durante a renascença, ou seja, no período que abrangeu, aproximadamente, os anos de 1400 a 1600. A definição do início do período renascentista é complexa devido à falta de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV. Adicionalmente, o processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo tão cedo quanto 1300 dC até tão tarde quanto 1470 dC.

PRINCIPAIS COMPOSITORES:



CARACTERÍSTICAS MUSICAIS DA RENASCENÇA

A música se baseia em modos, mas estes são gradualmente tratados com maior liberdade a medida que vai aumentando o número de “acidentes” introduzidos.
Texturas mais cheias e ricas em músicas escritas para quatro ou mais vozes. A parte do baixo vocal é acrescida ao tenor.

Na textura musical usa mais combinação do que contraste.

Harmonia: maior preocupação com o fluxo e progressão de acordes, com as dissonâncias sendo tratada de forma menos rígida.

Música sacra: algumas peças destinadas a execução a capella, frequentemente contrapontísticas, com muita imitação e nas quais os elementos musicais são combinados e entrelaçados de forma a combinar uma textura de fluxo contínuo, sem remendos.

Outras músicas da igreja acompanhadas por instrumento, por exemplo peças policorais em estilo polifônico, muitas vezes envolvendo fortes contrastes musicais.

Música profana: rica em variedade de músicas de canto, dança e de peças instrumentais. Muitas copiando o estilo vocal, mas outras genuinamente ligadas a instrumentos.

Os timbres característicos dos instrumentos renascentistas- Muitos formando famílias (Um mesmo instrumento em diversos tamanhos e tons).

MÚSICA SACRA 

Na renascença, os compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana, inclusive em escrever peças para instrumentos, já não mais usados somente com a finalidade de acompanhar vozes. 

No entanto os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a igreja, num estilo descrito como “polifonia coral”- música contrapontística para um ou mais coros, com diversos cantores encarregados de cada parte vocal. Boa parte dessa música era essencialmente coral. Cantada sem o acompanhamento de instrumentos.
As principais formas de música sacra continuaram sendo a missa e o moteto, escritos no mínimo para quatro vozes, pois os compositores começaram a explorar os registros abaixo do tenor, escrevendo a parte que agora chamamos de “baixo”, e desse modo criando uma textura mais cheia e rica. 


MOTETO DE JOSQUIN DES PRÉS ABSALÃO FILI MI



A música ainda se baseava em modos, mas estes foram gradualmente sendo usados com maior liberdade, já que cada vez mais eram introduzidas notas “estranhas” ou “acidentais”, ao que chamavam “música ficta”.

As técnicas medievais, como o hoqueto e o isorrítmo, foram esquecidas, mas até 1550 as missas e motetos ainda tinham um cantus firmus a fundamenta-las. No entanto, em vez de um cantochão servindo de base melódica. Os compositores passaram a usar canções populares.

A textura predominante é o contraponto imitativo e o elemento chave nesse tipo de textura é chamado imitação, ou seja, introdução, por uma voz, de um trecho melódico que, imediatamente depois será repetido ou copiado por outra voz. 

Ouça:

Palestrina (Itália, C. 1525-1594)

A polifonia coral vai atingir o máximo de sua beleza e expressividade durante a segunda metade do século XVI, na música de Palestrina (Itália), Byrd (Inglaterra) e Victoria (Espanha).
A Missa Papae Marcelli ( Missa em memória do papa Marcelo), peça inteiramente original, sem qualquer cantus firmus fundamentando sua composição.
A música é de uma beleza calma e serena. Palestrina a escreveu para seis vozes, tecendo com suavidade o seu contraponto numa textura fluente e contínua.

 

A ARS NOVA

Ars nova — a «nova arte» ou «nova técnica» — foi o título de
um tratado escrito em 1322 ou 1323 pelo compositor e poeta Philippe de Vitry, bispo  de  Meaux (1291-1361). A designação era tão feliz que veio a ser usada para designar  o estilo musical que imperou em França na primeira metade do século XIV.

A designação foi tão feliz que veio a ser usada para designar o estilo musical que imperou na França na primeira metade do século XIV.



PANORAMA SOCIAL

  • Comparativamente falando, o século XIII foi uma era de estabilidade e unidade, enquanto o século XIV foi de mudança e diversidade. 
  • O grande símbolo deste contraste foi a situação do papado: no século XIII a autoridade da igreja, tendo por centro o papa de Roma, era universalmente respeitada e reconhecida como suprema, não só em problemas de fé e moral, mas também, em grande medida, em questões intelectuais e políticas; no século XIV esta autoridade, principalmente a supremacia do papa passou ser largamente contestada.
  • As críticas a este estado de coisas, bem como à vida muitas vezes escandalosa do alto clero, tornaram-se cada vez maiores, exprimindo-se não apenas por escrito, mas também  em vários movimentos divisionistas e heréticos que foram os percussores da reforma protestantes.
  • A quebra do progresso econômico causada pelas terríveis devastações a peste negra (1348-50) e da guerra dos cem anos (1338-1453) deram uma vaga de descontentamento urbano  e de insurreições .
  •  O crescimento das cidades nos dois séculos anteriores reforçara o poder da burguesia, acarretando um correspondente declínio da aristocracia feudal.

A FILOSOFIA


O século XIII conciliava a revelação e a razão, o divino e o humano, as exigências do reino de Deus e as dos estados políticos deste mundo. A filosofia do século XIV, em contrapartida, tendia a conceber a razão humana e a revelação divina como domínios separados, limitando-se a  autoridade de cada um a esfera que lhe competia:
A igreja cuidava das almas dos homens e o estado de suas preocupações terrenas, mas nenhuma destas autoridades estava sujeita à outra.
Assim, estavam lançadas as bases para a separação da religião e da ciência, da igreja e do estado, doutrinas que passaram a impor-se a partir do final da idade média.
 A INDEPENDÊNCIA E IMPORTÂNCIA DOS INTERESSES SECULARES

A crescente independência e importância dos interesses seculares traduzia-se no progressivo florescimento da literatura  em língua vernácula :

A divina comédia (1307), de Dante.

ODecamerão (1353), de Bocácio.

Os contos da Cantuária.

São alguns dos marcos literários no séc. XIV


CARACTERÍSTICAS:

  1. Suas principais distinções formais e estéticas em relação à fase anterior apareceram nos campos do ritmo, da harmonia e da temática, sendo privilegiados os gêneros de música profana; também foram criadas ou se popularizaram várias estruturas novas de composição, como o moteto e o madrigal.

  2. Produção de mais música profana do que sacra;
     
  3. O uso de dois padrões no tenor dos motetos:
     
  4. Padrões de intervalos melódicos (color);
    Padrões ritmicos (tálea); A combinação destes padrões poderia acontecer de diversas formas.
     
  5. Os motetos que apresentavam o tenor com estas características recebiam o nome de moteto isorrítmico.
O ISORRITMO




O princípio da isorritmia já existia na ars antiqua (modos rítmicos), no entanto aqui este foi usado de forma mais sistemática e complexa.

Outra importância da isorritmia na música do séc. XIV: unidade na estrutura composicional. 

PRINCIPAIS COMPOSITORES


Philippe de Vitry

Philippe de Vitry (31 de outubro de 1291 — Meaux, 9 de junho de 1361), Bispo, compositor, matemático, diplomata, militar, musicólogo, filósofo e poeta francês. Foi um pioneiro da Ars nova e uma das figuras de proa da música europeia da Idade Média. 

Foi louvado por toda a sua geração como um dos maiores músicos e teóricos da época.


Guillaume de Machaut (c.1300-1377)

Compositor francês mais importante da Ars Nova;

Uma das caracteristicas: uso mais frequente dos intervalos de 3ª e 6ª.

Obra:
23 motetos sacros
Forma: geralmente um tenor litúrgico  (instrumental) e textos diferentes para as vozes mais agudas;
Ritmo mais complexo;
Estrutura isorrítmica (em alguns casos não apenas no tenor).
Uso do hoqueto.

quarta-feira, 9 de março de 2016

INSTRUMENTOS MEDIEVAIS


O ALAÚDE


O alaúde e a guitarra estão unidos por uma origem comum, por sinal obscura.
Instrumentos arcaicos do gênero do alaúde e da guitarra foram encontrados em todos os continentes, mas é provável que fossem mais cultivados na Ásia (China e India). No Egito, estão representados nos baixos-relevos do Médio Império. O alaúde (de fundo abaulado) e a guitarra (de fundo plano) apareceram na Idade Média mais ou menos na mesma ocasião, mas só o alaúde deixa clara sua origem mourisca (al'ud). Contudo, o desenvolvimento da guitarra na Espanha e seu nome medieval (guitarra moresca) parecem indicar a mesma filiação, apesar de observarse certa conexão com a palavra grega cithare (cítara).

O alaúde, cuja caixa tem a forma de uma pêra cortada ao meio, é dotado de pares de cordas, que podem ser em número de cinco, seis, dez e até quatorze. Foi um dos favoritos entre os instrumentos do Renascimento e do século XVII. Sua influência sobre o desenvolvimento da música mostrou-se considerável (tomada de consciência da harmonia, desenvolvimento do canto solista acompanhado, nascimento da suíte instrumental). A escrita para o alaúde fazia-se em um tipo especial de notação denominado tablatura. No final do século XVII, o alaúde pouco a pouco entrou em declínio, até que foi suplantado pelo cravo no início do século XVIII.
A sonoridade do alaúde é doce, cheia, sonhadora. É, por excelência, o instrumento da música intimista.


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GUITARRA MEDIEVAL

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Tiorba ou arquialaúde


É um alaúde de dimensões um pouco maiores, em cujo longo braço se assenta uma dupla série de cordas: as do alaúde e outra série de cordas mais compridas, que permitem a emissão de notas graves. Tais mudanças fizeram-se necessárias por causa do desenvolvimento do baixo contínuo no século XVII.

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VIELLE OU FIEDEL 

OS INSTRUMENTOS DE CORDAS FRICCIONADAS

O princípio da corda friccionada é conhecido há muito tempo em toda a Ásia e no mundo árabe (rebab). Quanto à sua aparição no Ocidente, é difícil saber-se ao certo: supõe-se que não tenha sido posto em prática na Antiguidade greco-romana, no Egito ou no antigo Oriente Próximo. Na lenda, a invenção do arco é atribuída a Ravana, rei de Lanka e um dos heróis do Ramayana, a célebre e lendária epopéia indiana: é, em todo caso, provável que as cordas friccionadas tenham origem asiática. Viela e rabeca É com estes dois nomes que os instrumentos de arco aparecem nas esculturas da Idade Média e, às vezes, também com os nomes de rota (do latim rota) ou giga (do francês gigue).
o


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A viela — em francês, vièle ou vielle; em latim medieval vécla;
—tem o corpo plano, com o braço feito de uma peça presa a este corpo. É preciso não a confundir com a viela de roda, na qual o arco é substituído por umaroda acionada por uma manivela: este é um instrumento bem mais primitivo.  
A viela era o instrumento usado por pessoas de certa educação musical, pertencentes à sociedade letrada medieval: abades, cavaleiros, trovadores, etc.
Já a rabeca (rebab, em árabe) — em francês rebec, em espanhol, rubebe; em
italiano ribecche; em alemão, Heine Geigen — é um instrumento sem braço,
constituído por uma peça inteiriça em forma de pêra, com três ou quatro cordas.


REBECA


De caráter popular, sobreviveu por muito tempo nos meios interioranos. Em
português, o nome rebeca, ou rabeca, designa genericamente os ancestrais medievais do violino, mas também o instrumento do gênero do violino, mas de
timbre mais grave, ainda em uso na música popular de diversos países, inclusive
o Brasil (congadas, reisados, etc).

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OS INSTRUMENTOS DE CORDAS TANGIDAS



Harpa

Em alemão, Harfe; em francês, harpe; em inglês, harp; em italiano, arpa. Desde o terceiro milênio a.C. pode a harpa ser atestada em todo o antigo Oriente, bem
como no Egito e na Suméria, ainda na forma de um arco musical de três a sete
cordas. Era o instrumento das mulheres e dos cegos no Egito, onde, no Novo
Império, já se viam harpas com quatro cordas e medindo dois metros de altura.
A harpa do rei hebreu Davi deriva, sem dúvida, da harpa egípcia. Não muito mais tarde, a forma em arco foi substituída pela forma triangular (Fenicia), que subsistiria.
Mas o mundo islâmico haveria de abandoná-la. O Extremo Oriente a ignorou.
E o Ocidente antigo preferiu a lira. A partir da alta Idade Média, a harpa
reapareceu no mundo escandinavo, céltico e germânico. Entre os celtas (os
primitivos habitantes da Irlanda e do País de Gales), a harpa jamais chegou a cair em desuso.

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A harpa permaneceu até o século XVIII como um instrumento secundário,
limitado ao diatonismo, apesar de alguns esforços no sentido de aperfeiçoá-la.
A harpa cromática de pedal, que permite executar sustenidos e bemóis, apareceu no fim do século XVII, mas seu uso só se difundiu na metade do século XVIII.


Lira

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Em italiano lira; em inglês e francês, lyre. Instrumento de cordas tangidas ou dedilhadas, conhecido em toda a alta Antigüidade, na Mesopotamia, no Egito, na Palestina e sobretudo na Grécia, onde adquiriu seu nome. A lira era formada por uma carapaça de tartaruga que funcionava como caixa de ressonância, de onde partiam dois chifres de cabra unidos por uma travessa. Foi feita primeiramente com sete e, mais tarde, com doze cordas. A mitologia atribui a invenção da lira a Apoio (como acontece com a flauta, cuja origem é atribuída ao sátiro Mársias), que a teria transmitido a Orfeu, o qual, por sua vez, teria ensinado os homens a tocá-la.


A família das violas

Em inglês, viol; em alemão Gamba; em francês, viole. A viola é um instrumento
muito mais evoluído do que os dois últimos e só apareceu no século XV. Trata-se,
na verdade, de uma família completa:

Viola de braço (viola da braccio)
• Descante de viola: espécie de viola sopranino, tem praticamente a mesma tessitura do violino (em francês, pardessus de viole)
• Viola soprano: uma quarta mais baixo que o violino (em francês, dessus de viole)
• Viola alto: tem a mesma tessitura que a viola de orquestra atual (em francês, alto de viole)
Viola da gamba (viole de gambe)
• Viola tenor: tessitura a meio-caminho entre a viola atual e o violoncelo (em francês, taille de viole)
• Viola baixo: tem a mesma tessitura do violoncelo (em francês, basse de viole)
Viola contrabaixo ou contrabaixo de viola (violone).

As três primeiras violas são tocadas com o instrumento mantido sobre os joelhos do músico. As três outras ficam entre as pernas, sem encostar no chão, menos o violone, que se apóia no chão. As violas têm seis cordas (na França, algumas vezes mais); o braço está dividido em trastes, como o da guitarra; o arco é empunhado com a mão pelo lado de fora dele e voltada para baixo. Este instrumento, sobretudo a viola baixo, tem uma sonoridade doce, delicada e extremamente sutil. Contou com fervorosos adeptos nos séculos XVII e XVIII; por longo empo, essas violas foram preferidas ao violino.

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CROMORNO

Instrumento de palheta simples e furo cilíndrico, cuja origem pode ser atestada desde 2000 anos a.C. no Egito, nas índias, em todo o mundo árabe e na Grécia, onde era conhecido por aulos. Na Idade Média, denominado charamela ou pelo
nome francês chalumeau, tinha a palheta encerrada numa caixa onde o exécutante soprava (cf. cromorno). Contrariamente à flauta e ao oboé, a clarineta só começou a desenvolver-se a partir da metade do século XVIII e foi pouco usada até essa data.1 Por volta de 1700, um alemão de Nuremberg, de nome Johan Christoph Derner, ao pôr a palheta diretamente em contato com a ponta, suprimindo a caixa que a encerrava, criou de fato o instrumento.


CORNAMUSA OU GAITA DE FOLES


Em francês, cornemuse; em inglês, bagpipe; em alemão Sackpfeife; em italiano, cornamusa, piva ou zampogna. Instrumento de foles, que se destina a ser tocado ao ar livre. É constituído por vários tubos com palhetas fixados em um saco, em geral feito de pele de carneiro, que armazena o ar. Um dos tubos destina-se ao sopro do exEcutante, os outros (prima e bordões) servem para produzir os sons diversificados pelo escapamento do ar.
Muito em voga nos séculos XVII e XVIII, foi depois suplantado pelo acordeão.

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FLAUTA DOCE

 Flauta inglesa, flauta vertical; em francês, flûte à bec; em inglês, recorder, em alemão, Blockflõte. O som é produzido por uma ponta provida de um diminuto orifício que dirige o fio de ar para o bisel, como num apito. As mais antigas flautas desse tipo remontam ao Magdaleniano (10000 a.C). Da Idade Média até o começo do século XVIII, as flautas doces, sempre de madeira, gozaram de grande popularidade. A literatura para a flauta doce é muito rica até o início do século XVIII, época em que o instrumento começa a ofuscar-se diante da flauta transversa. A família das flautas doces inclui flautas baixo, tenor, alto, soprano e sopranino, todas com oito orifícios. 


ORGÃO MEDIEVAL

Diz-se que o órgão é o rei dos instrumentos. Decerto é o mais polivalente: é a soma de tudo o que se pode fazer com os instrumentos de sopro. Por outro lado, o órgão é o resultado mais refinado da combinação da ciência empírica com a engenhosidade artesanal. Fica-se perplexo quando se constata que, no fim da Idade Média— numa época em que a "mecânica" não existia, em que a ciência acústica estava por nascer, em que o arado ainda era uma ferramenta primitiva, em que nem o papel nem a imprensa sequer tinham sido imaginados, e em que todos os outros instrumentos de música estavam em sua infância —, o órgão já possuía todas as características que tem hoje, com toda sua complexidade.


Durante a Idade Média, foram usados pequenos órgãos positivos ou portáteis.
A evolução se fez no sentido do enriquecimento da sonoridade, quando, para cada nota, começou-se a pôr várias fileiras de tubos para cantar simultaneamente: é o aparecimento do tutti. Com a amplidão das catedrais, o órgão avantajou-se, chegando a ter 32 pés já no século XIV.

Trompa
Em francês, cor, em italiano, corno; em inglês, horn; em alemão, Horn. Instrumento metálico de furo cilindro-cônico, provido de embocadura e pistões. Como indica o nome que se dá em português à versão primitiva desse instrumento, bem como sua designação em francês e em italiano, a trompa tem sua origem em chifres (cornos) e nas presas de elefante (o poema medieval francês La Chanson de Rolland menciona o olifante, trombeta de marfim que os cavaleiros, de modo geral, levavam consigo) e nas grandes conchas de que era feita; esses materiais são utilizados ainda hoje, sobretudo no Oriente. Se a flauta sempre foi pastoril ou mágica, a trompa era essencialmente guerreira e aristocrática (e ainda o é na Ásia). Seja ela de madeira, terracota ou metal, é encontrada em todas as civilizações (o cornu romano), sempre com a mesma forma cónica que traz desde a origem. Para que tivesse um som mais profundo, o tubo sofreu diversos alongamentos. Se a trompa de caça (cor de chasse)
fosse desenrolada teria 4,50m de comprimento; com seu tubo tantas e tantas vezes recurvado, ela apareceu por volta de 1600 na França.


CORNETO

1. Em italiano cornetto; em francês, cornet, em inglês, cometi; em alemão Cornett ou Zink. Instrumento de sopro que esteve em uso até o século XVII. Como o oboé,tinha furo cónico, tubo com orifícios e era de madeira, mas estava  provido de uma embocadura, como um trómpete. Com sonoridade doce e clara, foi o instrumento favorito dos italianos no século XVI e no início do século XVII, até o desenvolvimento do violino, que o suplantou em seus empregos. Os cornetos estavam agrupados em família, e os mais longos e graves, por lembrarem a forma da serpente, fizeram com que este nome fosse dado ao baixo do cometo. A serpente — também chamada serpentão — era usada nas igrejas para dobrar a voz dos baixos e, até o século XIX, continuou sendo usada nos meios rurais.


TROMBONE

Em inglês e italiano, Trompone; em alemão Posaune. Instrumento com embocadura, furo cilindro-cônico e vara, cuja origem é semelhante à da trompa e à do trómpete.
A "pré-história" deste instrumento pouco difere da do trómpete, e o próprio
nome atesta que têm a mesma filiação (tromba, em italiano). Por sinal, o nome
alemão do trombone, Posaune, é também uma deformação de buccina, nome latino do trómpete. Quanto ao seu antigo nome francês, sacqueboute (em português ("sacabuxa"), surgiu de sua semelhança com uma arma de assalto que assim era chamada.
Na origem, o trombone não passava de uma variante grave do trómpete. Mas,
enquanto este último se conservava imutável, o trombone, com a invenção da vara no século XV, recebeu um tipo de aperfeiçoamento que o pôs na dianteira. Daí sua importância em toda a música polifónica que se fez do século XV ao século XVII. 

sábado, 5 de março de 2016

O DESENVOLVIMENTO DA NOTAÇÃO MUSICAL

COMO ERA CANTADO O CANTOCHÃO MEDIEVAL:

Para a transmissão dos cantos litúrgicos, a notação musical não é de modo algum necessária. Deve-se, entretanto, matizar essa declaração de princípio com uma distinção prévia. Em primeiro lugar, o termo "cantos litúrgicos" não abrange as leituras tiradas da Bíblia, que são executadas pelos leitores, pelos subdiáconos e diáconos, cabendo exclusivamente a estes últimos a leitura do Evangelho. Em todas as liturgias da bacia mediterrânea, as leituras do ofício noturno e da missa são "cantiladas", isto é, lidas recto tono, seguindo pequenas fórmulas de entonação, de meia-cadência para a pontuação "fraca" e de cadência mais ornamentada para a pontuação "forte", ou seja,no fim do período.

A IMPORTÂNCIA DA ACENTUAÇÃO TÔNICA:

O acento tônico, alma da palavra grega ou latina, tem, de fato, posição preponderante na entonação e uma situação menos privilegiada nas cadências. Também nas Bíblias e nos lecionados, Tanto no Oriente como no Ocidente, é freqüente encontrarmos, mesmo em épocas muito antigas, signos convencionais destinados a lembrar aos leitores as sílabas sobre as quais deviam fazer-se entonações e cadências.
Muitas vezes, esses sinais não são traçados pela mão do copista que transcreveu o texto sagrado: são acrescentados pelo clérigo ao preparar este, antecipadamente, a leitura que lhe compete fazer. Os especialistas chamaram esses signos de notação ecfonética, ou seja, notação dos finais. Na verdade, os sinais convencionais assim acrescentados, que lembram uma pequena fórmula de clausula rítmica, não chegam a constituir uma notação musical propriamente dita.

 AS ORIGENS DA NOTAÇÃO MUSICAL:

Em que época e em que região podemos situar a invenção dos primeiros sinais de notação musical? Os paleógrafos estão de acordo quanto a que os neumas — ou seja, as combinações de acentos e de sinais de pontuação do discurso (pontos, Técnica e notação do canto gregoriano 143 vírgulas, pontos de interrogação, etc.) — foram acrescentados na segunda metade do século IX aos manuscritos anteriores ao ano 800. Por conseguinte, os neumas terão sido inventados por volta de 800-830. Difundiram-se por toda parte, mas diferenciando-se conforme as regiões, um pouco como aconteceu com os estilos da iluminura... Hucbald, teólogo e teórico musical, monge de Saint-Amand, ensinou em seu tratado intitulado De harmonica institutione [Sobre a criação harmô- nica] que "os neumas, tão úteis para socorrer a memória, diferenciam-se
gráficamente em cada região".




O primeiro testemunho da notação musical data de 830: conhece-se até mesmo o nome do copista! Trata-se de Engildeu, monge de Santo Emerano de Ratisbona, que acrescentou, sobre meia página deixada em branco ao fim de um tratado de Santo Ambrosio, um tropo com as respectivas notas. Dez anos mais tarde, Aureliano de Réomé, que trata dos tons salmodíeos e dos modos gregorianos, faz três referências às figurae notarum, ou seja, os desenhos das notas, embora admitisse que uma "nota ¡material de música não se pode fixar por escrito..." Tal observação, atribuída a Isidoro de Sevilha no século VII, é muito justa: não é possível fixar os sons por escrito. A própria "figura das notas" indica, quando muito, uma direção da melodia para o agudo (acento agudo/ ) ou para o grave (acento grave \ ou ponto.) ou combinações desses movimentos, mas não a altura relativa ou absoluta dos intervalos que separam cada nota de outras. Era preciso, portanto, continuar a aprender de cor as melodias: os neumas ajudavam a memória, fazendo lembrar o desenho melódico das fórmulas de entoação e de cadências que são características de cada modo.


A estrutura da modalidade gregoriana (O CANTO GREGORIANO NÃO
ERA CRIADO ESPONTÂNEAMENTE?)

Acontece, de fato, que o canto gregoriano não é composto de maneira espontânea, ao sabor da inspiração genial do compositor. Cada peça, seja uma antífona ou um responso, é "centonizada", ou seja, é formada por fórmulas já prontas que, escolhidas em função do modo da peça, costuram-se umas nas outras por recitativos de ligação, com ornamentos no grave ou no agudo... O chantre que abria um antifonario com notação em neumas reconhecia instantaneamente essas fórmulas, pois sabia em qual modo a peça estava composta. E sabia porque aprendia a reconhecer os modos valendo-se de um
livro que continha todos os cânticos do repertório, classificados não segundo a ordem das festas litúrgicas (Natal, Epifanía, Quaresma, Páscoa, etc), mas segundo a ordem dos oito tons salmodíeos que se encadeiam com essas antífonas.
POR QUE CRIAR UMA NOTAÇÃO MUSICAL


Os problemas de escrita vieram a ser colocados no dia em que alguém procurou fixar a linha melódica em todos os seus detalhes. Mas por que essa escrita da melodia? Por que tantas minúcias? A tradição oral, sustentada pela memória coletiva de milhares de chantres distribuídos pela Europa, ter-se-ia estiolado? Certamente que não: mas era preciso acelerar a formação dos chantres, que tomava tempo demais — pelo menos dez anos, declara Guido d'Arezzo.
HUCBALDO


Hucbald, que vira nos velhos tratados de música greco-romana os graus do grande sistema perfeito — a escala da música antiga, que compreendia quinze graus de lá 1 a lá 3 — serem designados pelas letras do alfabeto, propôs acrescentar essas letras ao lado de cada nota da notação neumática sem pauta: desse modo, o cantor poderia reconhecer com certeza a melodia que por acaso houvesse perdido nitidez em sua memória, ou, melhor ainda, poderia decifrar à primeira vista uma peça de canto recém-registrada nessa nova notação e que
ele jamais houvesse ouvido antes (ignotum cantum).

GUIDO D'AREZZO


Conhecia o tratado de Hucbald e um outro tratado anônimo a que já se fez referência e que se intitula Musica enchiriadis, nos quais, para explicar os diversos intervalos às crianças e aos adolescentes, seus autores desenham no pergaminho as seis cordas da citara. Essas seis linhas constituem, sem dúvida, uma pauta, com a diferença que, em lugar de claves, indica-se, no princípio de cada entrelinha, se o intervalo é um T (tom) ou um S (semitonus, semitom). Pois aí está, fundamentalmente, o ponto importante do "solfejo": não cantar um tom onde deveria soar o semitom. Para chamar a atenção dos meninos, Guido d'Arezzo valia-se de cores: o vermelho para a linha do fá, o amarelo para a linha do dó e, além disso, uma letra-chave no início de cada linha: começando de baixo para cima, D para o ré, F para o fá, A para o lá e finalmente C para o dó. Acima do dó, encontram-se o mi e e em seguida o sol com a letra-chave G, que, na escrita gótica alemã, tornou-se a nossa "clave de sol"...

MÚSICA POPULAR MEDIEVAL


MONODIA NÃO LITÚRGICA E SECULAR

 Segundo (Grout 1988) os mais antigos espécimes de música que se conservaram foram as canções dos goliardos dos séculos XI e XII.


GOLIARDOS



Os goliardos eram grupos de estudantes e clérigos que escreveram poesia satírica em latím durante os séculos XII e XIII. A maior parte deles estudaram nas universidades de França, Alemanha, Itália e Inglaterra que protestaram contra as contradiçõess no seio da Igreja, tais como o falhanço das Cruzadas ou os abusos económicos, expressando seu descontentamento mediante canções, actuações e poemas.  ► Adjetivo: Dado a a gula e a vida desordenada.


Versão moderna do Carmina Burana baseada na obra dos Goliardos:



CONDUCTUS

Um outro tipo de canção monofônica do período entre os séculos XI e XIII. Termo aplicado tanto a música sacra quanto profana. De caráter sério, métrica regular. Uma importante característica deste gênero é que a melodia era composta de novo, em vez de ser tomada de empréstimo de um cantochão. 






CANÇÕES GESTE OU CANÇÃO DE GESTA



Eram poemas\canções em língua vernácula, épicos, narrativo e relatavam os feitos de heróis nacionais... Os poemas eram transmitidos oralmente e só passados a escrita posteriormente. Canção de Roland, epopéia francesa do séc XI (narra fatos da época de Carlos Magno).




JOGRAL OU MENESTREL


Categoria de músicos profissionais que começa a surgir por volta do século X. Párias da sociedade, no século XI se organizam em confrarias, que mais tarde deram origem a corporações de músicos. Cantavam, tocavam e dançavam cantigas compostas por outras pessoas ou extraídas do domínio popular, alterando ou criando as próprias versões à medida que andavam de terra em terra.




TROVADORES E TROVÉRES



  • O termo trovadores ou trouvéres ignifica inventor ou descobridor, não constituiam um grupo bem definido e eram membros da aristocracia.
  • Muitos criavam suas canções e também as cantavam.
  • Muitas canções foram coletadas e organizadas em chansonniers, ou cancioneiro.
  • Cerca de 2600 poemas e mais 260 melodias de trovadores e 2130 poemas e 1420 canções de troveiros. 

https://www.youtube.com/watch?v=U8ejn75oYy0



PRINCIPAIS TIPOS DE  CANÇÃO:
(Pastoureles) pastorela
Canções de amor

  • Relação feudal implícita na música.
  • Mulher ideal geralmente de outro homem.
  • Tratamento melódico silábico, com uma ou outra breve figura melismática nas penúltimas sílabas dos versos.
  • Âmbito de uma sexta.
A CONDESSA DE DIA

 

quinta-feira, 3 de março de 2016

MÚSICA SACRA MEDIEVAL


CONTEXTO HISTÓRICO (Resumo)



  • DELIMITAÇÃO DO PERÍODO:
Aproximadamente entre os séculos V e XV
 
HILÁRIO, Franco Júnior. A Idade Média, nascimento do ocidente. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. Novas pesquisas historiográficas no século XX desmistificam os preconceitos referentes à Idade Média. (Heranças na cultura ocidental) • O termo medieval vem da expressão latina "medium aevum" (época intermediária) dada pelos historiadores renascentistas ao período compreendido entre o desaparecimento do Império Romano e os novos interesses pela cultura greco-romana no século 15.

QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO (DO OCIDENTE) NO SÉCULO V

SURGE A IGREJA CATÓLICA

  • Nos primeiros séculos perseguição aos cristãos. 
  • Proibição dos cantos.
  • Séc. I, II e III representava apenas grupos dispersos.
  •  Inexistência de uma doutrina específica unificada. 
  • Séc. III → proibição da Igreja por parte do Império. 
  • Séc. IV (313) → Decreto de autorização. A Igreja é permitida pelo Império Romano. 
  • Séc. IV (381) →A Igreja é decretada a Religião oficial do Império Romano.

Com o fim do Império Romano (476), a grosso modo, a Igreja torna-se a verdadeira grande herdeira do Império. Séc. IV-V → processo de unificação das diversas doutrinas e ritos. Criação da hierarquia episcopal (mais tarde → Bispos, presbíteros, diáconos). Cerimônias e rituais (missa - missão, cantos).

PRINCIPAIS GÊNEROS


CANTOCHÃO (SÉC. V-VIII)

MONODIA (CANTO MONOFÔNICO)

A música ocidental foi monódica até o século IX. O termo monodia designa urna linha melódica — uma única voz — sem acompanhamento. Isto não impede que, na música vocal, esta voz única possa ser executada por um grupo de cantores: diz-se, então, que eles cantam em uníssono.
As primeiras peças musicais escritas foram religiosas. Eram peças do canto gregoriano, ou cantochão, que veio das igrejas orientais e está ligado à liturgia cristã. O cantochão é uma música modal. Um modo nada mais é do que a sucessão de todas as notas "naturais" — as teclas brancas do teclado do piano, por exemplo — a partir de uma dada nota.

https://www.youtube.com/watch?v=S7F-N-Yd8dE

 CARACTERISTICAS:

Canto monofônico
Texto em latim
Sem acompanhamento instrumental
Diatônico
Melodias simples com pouca mudanças de notas e uma tessitura menor do que uma oitava.
Modal
Livre de formúlas de compasso.

MÚSICA POLIFÔNICA = CONTRAPONTO

Polifonia é a superposição de duas ou várias linhas melódicas que se desenrolam de maneira homogênea— guardando, cada uma delas, seu caráter particular.

O contraponto é a arte de combinar entre si as linhas melódicas. O primeiro "gesto contrapontístico" esboçou-se na Idade Média, ao que tudo indica no século IX, quando os monges tiveram a ideia de acompanhar o cantochão com uma segunda voz que seguia a melodia gregoriana, em paralelo, à distância de um intervalo de quarta. Esta primeira polifonia (música a várias vozes) denominava-se, em latim, organum. A cada nota do cantochão correspondia uma nota do acompanhamento: punctum contra punctum [ponto contra ponto]. Essa a gênese do termo contraponto.

PRINCIPAIS GÊNEROS POLIFÔNICOS

ORGANUM

Organum: Técnica de colocar uma segunda melodia (segunda voz) acima ou abaixo do cantochão (primeira voz). A melodia gregoriana (cantochão) passou a se chamar vox principalis e a voz acrescentada vox organalis.

ORGANUM PARALELO

Organum Paralelo: vox organalis se movimenta em paralelo em intervalos de quartas, quintas e oitavas.
https://www.youtube.com/watch?v=QH71sxmG9wY 


ORGANUM LIVRE

Ao longo do desenvolvimento do Organum, outros movimentos (oblíquo e contrário) foram introduzidos dando origem ao Organum livre. Neste Organum, as dissonâncias aparecem como intervalos de passagem entre os intervalos de 4ª e uníssono. A partir daí as linhas melódicas ficam mais independentes. - A voz organal canta acima da voz principal.

https://www.youtube.com/watch?v=TgWaz78yuGg




ORGANUM MELISMÁTICO


O organum melismático, com os melismas aparecendo de fato em grande número (à razão de vinte notas para uma) na voz organal, a tal ponto que a voz principal fica relegada, de certo modo, a um segundo plano e passa a servir apenas de apoio à voz que, tempos antes, era a de acompanhamento. Com o nome de tenor (do latim tenere, sustentar), passa a caber à voz principal o registro grave do canto. Por essa simples denominação da voz que é, na verdade, a voz litúrgica, pode-se compreender que, agora, no espírito dos clérigos músicos, a liturgia importa menos que a função técnica das partes. Com tal mudança, o canto gregoriano se ofusca diante da nova escrita do organum.

https://www.youtube.com/watch?v=ngCRm7uLirA



ESCOLA DE NOTREDAME

LEONIN


Léonin, primeiro mestre da Escola de Notre-Dame, é reconhecido pelo autor anônimo de um tratado (o Anonymus IV, de Coussemaker) como o melhor compositor de organa de seu tempo. Seu Magnus liber [Livro magno, ca 1180] contém uma série de organa para o Gradual e o Antifonário, 33 para a Missa, 13 para as Horas, com vistas ao embelezamento do serviço divino. Léonin ora pratica a escrita melismática para a voz que ocupa o registro agudo, dando liberdade à voz tenor litúrgica, ora trabalha com o descanto. Foi o primeiro a medir a duração dos valores da voz tenor, de modo a obter um contraponto rigoroso nota-contra-nota, como se vê nitidamente no Audi filia [Ouve filha] do Propter veritatem [Por amor da verdade].

CLAUSULA DE DISCANTUS

Essas cláusulas (em latim clausulae) constituem autênticas pequenas composi- ções independentes, cujo grande número leva a pensar que devam ter sido executadas fora de um contexto litúrgico definido. Delas nascerá o moteto. Note-se que Pérotin, em seus organa, acrescenta uma ou duas vozes suplementares ao tecido polifónico de Léonin. Seus dois famosos quadrupla (na realidade, três vozes sobre a voz tenor) —Viderunt omnes [Viram todos, 1198], para o Gradual de Natal, e Sederunt principes [Tomaram assento os primeiros, 1199], para a festa de Santo Estêvão, em 26 de dezembro — foram destacados pelos teóricos da época como um acontecimento na evolução da escrita musical.


PEROTIN


Pérotin, o outro grande mestre de Notredame, retoma a obra de Léonin. Encurta-a — sempre de acordo com o que está escrito no Anonymus IV— para dar às peças polifônicas uma dimensão que convenha ao tempo da liturgia e que seja proporcional ao comprimento das partes de cantochão com as quais elas se alternam. Pérotin escreve de maneira mais breve as velhas seções do descanto e, sobretudo, substitui as cláusulas de organum melismático, longas demais, por cláusulas de descanto necessariamente mais breves.

TRIPLUM 


QUADRUPLUM

https://www.youtube.com/watch?v=PhqWgfGK1Xw

MOTETO
 O mais complexo, o mais bem resolvido e o mais surpreendente de todos os gêneros polifônicos. Com Pérotin, as clausulas, assumiram uma vida independente da liturgia. Não fazia muito sentido cantá-las usando, como únicas palavras, as da voz tenor. Voltou-se, então, a prestigiar o procedimento adotado com êxito nos tropos: encaixar palavras (em francês mot > petit mot > motet) nas melodias preexistentes. Foi assim que nasceu o moteto.  




DOCUMENTÁRIO DA BBC (REVOLUÇÃO GÓTICA).